09/07/2015

A Playlist De Hayden - Michelle Falkoff

Autora: Michelle Falkoff
Editora: Novo Conceito  | |  Páginas: 288  | |  Informações: Skoob


Depois da morte de seu amigo, Sam parece um fantasma vagando pelos corredores da escola, o que não é muito diferente de antes. Ele sabe que tem que aceitar o que Hayden fez, mas se culpa pelo que aconteceu e não consegue mudar o que sente
Enquanto ouve música por música da lista deixada por Hayden, Sam tenta descobrir o que exatamente aconteceu naquela noite. E, quanto mais ele ouve e reflete sobre o passado, mais segredos descobre sobre seu amigo e sobre a vida que ele levava.
A PLAYLIST DE HAYDEN é uma história inquietante sobre perda, raiva, superação e bullying. Acima de tudo, sobre encontrar esperança quando essa parte parece ser a mais difícil.


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A autora Michelle Falkoff uniu duas coisas que, quando juntas, dificilmente dão em algum erro. Música e literatura. A playlist de Hayden se revelou uma grata surpresa, mesmo não sendo da forma que eu imaginava que a história fosse seguir. Com uma narrativa fluente, mesmo ficando lenta em alguns momentos, a playlist de Hayden é um livro que traz temas bem atuais e espinhosos, mas que a autora soube abordar com muita sensibilidade e leveza.

Um dos temas espinhosos do livro, talvez até o mais espinhoso, já é o que dá inicio a história: o suicídio de Hayden. Hayden e seu melhor amigo Sam - o único que ele tem - vão a uma festa e lá acontece algo que acaba culminando no suicidio de Hayden. Quem o encontra morto é justamente Sam, que em choque acaba descobrindo que o amigo lhe deixou uma lista de músicas, as quais vão de alguma forma lhe explicar o motivo do suicidio do amigo.


“Muitas pessoas querem ser invisíveis. Talvez elas até pensem que podem fingir que são. Mas sempre alguém as vê.”


A premissa do livro é excelente e eu confesso que fiquei com muitas expectativas, inclusive imaginei que fosse algo mais puxado para o suspense com uma investigação policial e tal, mas não, o livro conta uma história mais densa, dramática, envolta em questões que muitos passam no seu dia a dia, principalmente os jovens. Questões como bullying, homofobia, depressão e, claro, suicídio são os assuntos que permeiam a história e fazem a ponte de ligação entre os personagens. 

Com uma história com tantos temas delicados sendo tratados, confesso que achei que faltou um pouco mais de profundidade nas abordagens, a não ser que a autora tenha preferido tratá-los de uma forma mais sutil. Mas ainda assim senti falta de um certo impacto, principalmente na questão do suicídio de Hayden. 

"Porém, a solidão é um  fardo que se torna cada vez mais pesado com o tempo"

Os personagens do livro são bem reais, afinal quem nunca conheceu aquele menino que é excluído na escola, ou aquele que é mais chegado nas meninas, o recluso, tímido e por ai vai... A autora criou personagens bem perto da nossa realidade, o que facilita a leitura já que podemos identificar um amigo ou a nós mesmos nos conflitos. Desde o personagem principal, Sam, narrador da história, até os secundários, todos de alguma forma tem o seu posicionamento em relação a morte de Hayden, incluindo ai uma parcela de culpa no ocorrido.


"Apesar de ainda ser muito novo naquela época, eu devia ter começado a entender que não havia outro lugar em que ele se sentisse seguro que não fosse ao meu lado..."

Sam é de longe o personagem mais sensato de todos, o que me causou um pouco de estranheza, já que na minha humilde opinião ele era o que mais deveria ser abalado pelo trágico fim de seu melhor amigo. Achei que ele se recuperou cedo e rápido demais de algo tão trágico. Não fui muito com a cara da Astrid de imediato, mas no decorrer da história, principalmente no final, ela ganhou minha simpatia pela jornada que escolheu. Ryan, irmão do Hayden, e seus dois amigos babacas odiei pelo livro todo e acho que mereciam mais do que tiveram.

Como eu já disse o livro foi por um caminho bem diferente do que eu imaginava, mas ainda assim conseguiu me fisgar para querer saber o final dele e de seus personagens. Mesmo com temas bem delicados o livro não chega a ser um drama ao pé da letra, mas cativa pelo modo como a autora abordou os assuntos e construiu seus personagens. Acho que é uma história que pode virar favorita de quem já passou ou está passando por alguns dos conflitos contidos nela.


“Não sei se algum dia deixarei de me culpar pela parte que me cabe, mas de alguma maneira é mais fácil culpar a mim mesmo do que qualquer outra pessoa, e talvez algum dia seja possível que eu pegue um pouco mais leve comigo mesmo."

Enfim, a playlist de Hayden é um livro com uma boa história que cativa e nos faz querer saber como tudo vai terminar. Além disso traz ainda algumas lições bem pertinentes no mundo atual em que vivemos, onde as diferenças incomodam tanto e apenas aquilo que é tido como "normal" é o que aceitamos ou nos fazem aceitar. Recomendo sim, mas não vá esperando grandes reviravoltas; é uma história sutil, singela que deve ser lida com atenção e carinho.








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